Um Papo Necessário Sobre Economia Brasileira

Eu já visitei 14 dos 26 estados brasileiros, ou 15 das 27 unidades federativas - escolha o termo que você preferir. E quando você se depara com a realidade de cada região, é impossível não ir atrás, ler, se interessar pelo o que está acontecendo. Esse é ano de eleição presidencial e falar de economia e projetos para o futuro da nossa economia se faz importante. Então decidi reunir algumas das questões que aprendi para gerar uma discussão sobre o tema.

A economia de um país é classificada em: primária, secundária e terciária. Basicamente, a primária é usar os recursos naturais (extração de minérios, agricultura, pecuária, entre outros); a secundária é agregar valor aos recursos naturais, transformando eles em bens de consumo. É o setor industrial, transformando por exemplo o algodão em roupa; e o setor terciário são os serviços, como a educação.

Um país precisa de projetos específicos de desenvolvimento de cada um desses setores. Cada um deles é importante. Contudo, a dependência de um desses setores pode levar o país à sérias crises econômicas ou seu estagnamento no cenário internacional.

Por o Brasil ser um país do tamanho de um continente e por sua notável riqueza natural, esse tem sido o setor mais forte e mais "apoiado". Muitas pessoas ainda acreditam que nossos recursos naturais e o poder do setor primário irá levar o Brasil a ser um país de primeiro mundo com uma ecomonia estável e competitiva no cenário internacional. Esse setor já teve maior importância econômica no passado, mas essa não é mais a realidade:
"A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com economias baseadas neste setor econômico, pois estes produtos não possuem valor agregado como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados." 
Texto integral no trecho em destaque aqui: https://www.suapesquisa.com/geografia/setores_economia.htm

Você não precisa acreditar em nada do que eu digo nesse texto. Na verdade eu te convido a pesquisar tudo o que trago e aprofundar a leitura. Um importante hábito que os brasileiros precisam desenvolver é usar a internet para fazer buscar por conta própria. Pois o que recebemos de forma passiva pelos meios de comunicação - TV, jornais, rádio, facebook, entre outros - normalmente só nos contam meia versão da história. E, se só tivermos as informações que eles nos deram, certamente vamos concordar com eles. Porém, se buscarmos outras versões da mesma história, mais informações, talvez nossa opinião seja diferente.

Vou trazer desse texto alguns dos impactos do atual cenário de dependência da agropecuária e extrativismo:
- Concentração da riqueza nas mãos de poucas famílias;
- Destruição e poluição dos nossos recursos naturais;
- Perpetuação da pobreza da grande parte da população das áreas rurais do país;
- Para os empregos diretos gerados pelo setor, condições desumanas de trabalho (frigoríficos, agrotóxicos, minas de extração, etc);

Sou de Santa Catarina, estado onde há muita agricultura familiar. Isso quer dizer que as terras estão divididas entres centenas de famílias e isso ajuda a garantir mais igualdade na distribuição da riqueza. Também, por causa do relevo montanhoso e irregular, todo o processo: desde plantação, cuidado e colheita, é realizado manualmente. Com isso esse tipo de agricultura emprega muita mão de obra, gerando empregos diretos. Para o contexto da região, ter 20 héctares de terra é ter uma fazenda.

Agora vamos fazer uma viagem mental para Mato Grosso do Sul, o cenário muda radicalmente. Terras planas, propriedades de média de 500 héctares, majoritariamente com a plantação de soja. Se você observar os bilhões gerados pela agropecuária você terá a certeza de que é um ótimo negócio. Então lhe convido a analisar a situação um pouco mais a fundo. A sociedade brasileira se beneficia dessa bilhonária produção? De certo modo sim, de outro não.

Esse dinheiro rende bons impostos. Mas é uma quantidade de terra enorme para poucos empregos gerados. A produção é realizada por máquinas, então os empregos gerados são basicamente os operadores de máquinas. Máquinas de colheita, máquinas de processamento, máquinas de embalagem e caminhoneiros para o transporte. E quando geram empregos, são em sua grande maioria uma sitação desumana, conforme dados que você pode encontrar no final desse texto sobre os frigoríficos.

No cenário atual de corrupção sistêmica no Brasil, todos nós nos questionamos sobre o retorno à população dos impostos pagos. E mesmo que esses impostos fossem usados para melhoria da condição de vida da população naquele estado... qual a solução os pilares da economia do estado não estão gerando empregos? Bolsa família? Não seria melhor investir em um setor que gerasse mais empregos para a população local?

Um exemplo que posso citar é a Zona Franca de Manaus. Um projeto que trouxe força econômica para o país, atraiu a indústria internacional por meio de um acordo de isenção de alguns impostos. Você pode ler mais sobre esse tema aqui. Mas resumindo, mesmo com a isenção de alguns imposto a indústria gerou arrecadação de mais de 6 bilhões de reais para o estado do Amazonas em 2002. Além de gerar, nessa época, aproximadamente 500 mil empregos diretos e indiretos.

A população do estado do Amazonas não era um força de trabalho preparada para receber a chegada dessa indústria. Com certeza o período inicial foi difícil, um trabalho de formação intenso. Algo que faz sentido, pois se não havia emprego por que a população iria estudar? Com possibilidades de emprego, essa lógica muda. Assim também ocorreria com outras regiões que atualmente possui grande porcentagens das famílias sobrevivendo com as migalhas do governo.

Vou colar aqui um trecho de um artigo sobre o impacto causado pelo desastre de Mariana, um dos risco do extrativismo, já que tem muita gente que acha que preservação ambiental é algo nada a ver, mi mi mi. Parece que essas pessoas esquecem que não comemos e nem bebemos dinheiro e que nossos recursos naturais não são infinitos.

O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos.[5][6][7] A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio.[8] Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais.[9]
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rompimento_de_barragem_em_Mariana


Alguns dados:

Impacto ambiental da agropecuária:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/impactos-ambientais-causados-pelo-agronegocio-no-brasil.htm

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/a-agropecuaria-os-problemas-ambientais.htm

http://www.ebc.com.br/noticias/meio-ambiente/2015/11/conheca-os-principais-desastres-ambientais-ocorridos-no-brasil

http://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/02/16.-moendo_gente_final.pdf
Para quem não tiver paciência de ler o estudo sobre as condições de trabalho nos frigoríficos, assista ao documentário que o estudo gerou:
https://www.youtube.com/watch?v=887vSqI35i8


Vamos ficar atentos com as propostas governamentais com relação a economia. Há alternativas mais interessantes do que destruir nossas riquezas naturais para fazer pasto ou submeter as pessoas à condições desumanas de trabalho. Uma sociedade com menos desigualdade social é uma sociedade mais segura (menos crimes) e mais feliz. O impacto da má distribuição das riquezas brasileiras tem efeito sobre você, na sua vida cotidiana, no preço sobre tudo o que você compra, a insegurança que você vive, a falta de serviços públicos de qualidade... tudo está conectado, temos que analisar os impactos dos projetos que damos apoio. Não só observar o valor para o PIB, mas se de fato esse aumento no PIB irá contrubuir para uma melhor qualidade de vida para o povo, todos nós.

Precisamos de uma diversificação econômica e assim, projetos para os vários setores da ecomonia, não apenas a expansão do setor primário.

Vejo duas alternativas com melhor impacto do que expandir a agropecuária e o extrativismo: mais zonas de incentivo fiscal (como a Zona Franca de Manaus) para o setor secundário; e mais investimento no turismo sustentável, setor terciário.

 Em 2018, o Ministério do Turismo irá completar 15 anos. Qual o balanço que faz período e os principais desafios a serem encarados no futuro?MB: Este jovem ministério, um dos mais recentes da Esplanada, reúne números importantes que devem ser citados aqui. Hoje, o turismo emprega cerca de 7 milhões de brasileiros e representa 8,5% do PIB direto e indireto do país, porém nosso potencial é muito maior.  Fonte: http://www.turismo.gov.br/últimas-not%C3%ADcias/8388-“este-ano-plantamos-as-sementes-para-transformar-o-turismo-em-um-dos-principais-pilares-da-economia-brasileira”,-afirma-marx-b

O progresso do Brasil tem que ocorrer para todos os grupos e classes. Se não, todos nós pagamos a conta, mas só alguns colhem os frutos.



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