Casamento - Homenagem aos que não podem estar presente


Pajém e Daminha, Casamento Jackie & Darin - Florianópolis



Meu pai faleceu 5 meses antes do nosso casamento. Foi difícil terminar o planejamento e fazer ajustes para a ausência dele. O pai da noiva tem, tradicionalmente, um papel de destaque nesse dia. A entrada, a dança, o discurso... Então decidi compartilhar com vocês as alternativas que escolhemos, até para talvez auxiliar outras pessoas que estejam passando por uma situação semelhante.

Eu sabia que eu queria de alguma forma homenageá-lo, não esconder a ausência dele. Contudo, tive cuidado para que essa data que é para ser de comemoração não se transformasse em algo pesado e triste. Então foram muitas conversas com nosso celebrante Juliano Vieira e nossa cerimonialista Juliana Santos, além de buscar inspiração em outros relatos na internet, até que juntos pensamos em algo que julgamos especial e apropriado.

Entrada


As opções que encontrei foram:

a) Entrar com o noivo: minha opinião foi de que entrar com o noivo "estragaria" aquele frio na barriga e surpresa gostosa que é apenas ver um ao outro na hora da cerimônia. Ali na presença de todos, com as lentes do fotógrafo para eternizar esse momento e expressão de carinho. Então rejeitei a possibilidade.

Reação do noivo à entrada da noiva


b) Escolher outro homem para ocupar o lugar do pai: muitas mulheres escolhem um irmão, tio, padrinho, padrasto, etc. Alguém que ocupe essa figura paterna de proteção ou guia. Eu não sentia que nenhum outro homem ocupavam esse lugar simbólico na minha vida, então não quis escolher alguém só por escolher.

c) Entrar com a mãe: minha mãe e meu pai se separaram quando eu tinha 6 anos. Então, na realidade, por grande parte da minha vida ela ocupou tanto o papel de provedora financeira, quanto provedora de afeto, educação e cuidado. Se fosse para eu colocar de lado os esteriótipos de quem entra com quem, ela na realidade teria muito mais direito de "entregar minha mão" do que meu pai. Quando pensei na ideia de alguém para entrar comigo, ela veio em minha cabeça como a melhor pessoa para fazê-lo.

Entrada Casamento: Noiva e Mãe


d) Entrar sozinha: essa foi uma opção que considerei apenas caso minha mãe não se sentisse à vontade com o convite de entrar comigo. Essa opção me assustava um pouco na verdade. Eu sabia que eu estaria nervosa em caminhar com o peso de todos aqueles olhares sobre mim. E achei que estava tudo tão recente que eu me sentiria solitária ao invés de me sentir independente. Pois no fundo não era uma escolha minha entrar sozinha, como é comum em alguns países onde o feminismo está mais desenvolvido e consolidado. Eu queria entrar com meu pai, mas não tinha essa opção. Então pensei que ao entrar sozinha eu não só teria que carregar meu nervosismo, mas também toda a tristeza da ausência do meu pai. Fico feliz que não tive que recorrer a essa opção. Mas isso é algo bem pessoal, sei que para muitas essa pode ser a opção que lhes fará se sentir melhor, e devem fazer conforme se sentem mais confortáveis.

Entrei com minha mãe e foi muito bom. Ter a presença dela, tão forte e guerreira como ela é, me deu forças suficiente para entrar com passos firmes, embora não tenha sido possível segurar as lágrimas.

Mãe da Noiva


Homenagem


Decidimos fazer a homenagem durante a cerimônia, ao invés de no momento da festa. Sugestão muito bem acertada do nosso celebrante. Ele realizou um lindo ritual, que vou chamar aqui de Ritual do Girassol. O noivo e eu plantamos algumas sementes de girassol em um vaso, em memória àquelas pessoas especiais para nós que não puderam estar presente. Os nomes dessas pessoas foram citadas durante o ritual, junto com algumas palavras de agradecimento. Para mim foram: meu pai e alguns avós. Para o noivo foi uma tia e um avô. Como parte desse ritual, depois que o girassol crescesse, desse flores e sementes, nós iriamos distribuir essas sementes para os amigos e familiares, como símbolo das boas sementes que essas pessoas homenageadas plantaram em nossas vidas. E assim, vivem em nós, por meio desses ensinamentos.

Lavando as mãos depois de plantar as sementes de girassol


Durante minha pesquisa na internet eu encontrei outras dicas de homenagem, porém esse ritual do girassol foi o que mais gostamos. Sabíamos que nossa cerimônia seria razoavelmente curta e que teríamos tempo de adicionar esse ritual. Mas se sua cerimônia já será longa, você pode apenas pedir para o celebrante fazer uma menção (sem plantar o girassol) junto ao discurso preparado. Também, alguns casais separam uma cadeira na cerimônia com uma foto da pessoa ou usam um broche (ou  outro acessório) em memória da pessoa querem homenagear.

Dança


Essa foi a parte mais difícil de planejar. Geralmente a primeira dança é do casal, logo após, a segunda dança é a noiva e seu pai e o noivo e sua mãe. Primeiro eu havia pensado em fazer uma seleção de fotos do meu pai para passar no telão enquanto o noivo dançasse com a sua mãe. Mas as imagens no telão iriam com certeza disputar a atenção com a dança, fora de que iria trazer tristeza entre os convidados, logo antes de abrir a pista de dança para iniciar a festa. Então abandonei a ideia e deixei as fotos do pai passando durante o jantar, mas junto com fotos de todos os outros convidados, não uma sessão de fotos exclusivas dele. 

Depois eu pensei eu convidar alguém para dançar comigo enquanto o noivo dançasse com a sua mãe, mas novamente não senti que alguém pudesse substituir meu pai nesse momento especial. Assim como eu também não queria ficar ali plantada assistindo o noivo dançar com sua mãe - achei que seria muito sofrido e eu poderia me polpar de mais esse estressor. Uma nova alternativa surgiu, conversei com o noivo que ele podia primeiro dançar com a sua mãe enquanto eu esperava em outro ambiente, e depois que terminassem, ele viria me buscar. Mas ele conversou com sua mãe e nenhum dos dois queria ter o espaço de dança exclusivo para eles com todo mundo olhando. Decidiram que iriam escolher uma música especial para eles dançarem, informariam o DJ e o fotógrafo, mas seria umas 2 músicas depois que a pista fosse aberta aos convidados. Eles dançariam junto com as outras pessoas.

Isso facilitou por fim o planejamento. Faríamos o seguinte: dança dos noivos, abre a pista para os convidados dançarem (e continuamos nós dois dançando a próxima música). Depois ficariamos livre para continuarmos dançando, ou não, ou trocar de parceiros. E duas músicas após essa primeira, seria a música do noivo e sua mãe. Minha opinião é de que funcionou muito bem. A sequência fez sentido e os convidados não ficaram confusos, tudo se encaixou bem.




Noivo e sua mãe

Espero que esse relato te ajude a gerar algumas ideias e criar soluções que fazem sentido pra você e que te ajudarão a passar com um pouco mais de tranquilidade por esse momento difícil que é planejar e viver seu casamento sem aquela(s) pessoa(s) especial(is) fisicamente ao seu lado. Quero agradecer de coração ao Juliano e a Juliana que foram maravilhosos e muito sensíveis, me ajudando a superar essa dificuldade, transformando a dor em uma linda homenagem, obrigada!






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